PROCURADORIA-GERAL DE
JUSTIÇA
Discurso de Posse Perante o Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça
03/2008 - Dr. Fernando Grella Vieira - Procurador-Geral de Justiça
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Este ato, no âmbito do Egrégio Órgão Especial do Colégio de Procuradores de
Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, tem por destinação
precípua a transmissão do cargo de Procurador-Geral de Justiça, após um período
de campanhas internas de aproximadamente 6 meses, durante os quais a nossa
Instituição foi objeto de necessárias e amplas reflexões.
Tratando-se de um
ato, digamos, caseiro e de caráter marcadamente administrativo, já que a posse
solene deverá realizar-se em meados de abril, julgamos adequado que a nossa
mensagem, neste ensejo, antes de tudo, tenha por destinatário o Órgão Especial
mesmo, colegiado de Administração Superior de estratégica e magna importância,
vital na condução dos destinos institucionais.
Com efeito, basta que se
compulse o extenso rol de atribuições previstas nos 25 (vinte e cinco) incisos
do artigo 22, da Lei Orgânica Estadual, para que se firme, de pronto, a
conclusão de que, no sistema de administração compartilhada do Ministério
Público, o Órgão Especial se insere com justificada e necessária
proeminência.
Pela simples leitura de alguns dos poderes-deveres conferidos
ao Órgão pela Lei Complementar Estadual nº. 734, de 1993, dir-se-á, sem qualquer
margem de erro, que a estabilidade da vida institucional passa, de modo
incontornável, pelo funcionamento dessa célula pluripessoal de funções
político-administrativas e de execução. E prudente, e sábia foi a lei, ao
instituir o Órgão Especial por mecanismos que lhe garantissem o caráter de um
cósmico mosaico de tendências e gerações, o que efetivamente ocorre através do
sistema híbrido de sua composição, igualitariamente integrada por membros
eleitos e por membros natos.
Tem-se, assim, assegurada a desejável fórmula
que prestigia e incorpora a experiência mais larga dos mais antigos e o
entusiasmo participativo dos eleitos, na geração final de uma preciosa energia
criadora, sem a qual nada sobrevive em qualquer segmento das atividades humanas.
Expressamos grande esperança nessa energia criadora, pois desafios nos aguardam,
eis que os tempos que correm são de desafios e de exigências. De fato, do
burburinho das massas clamam por nós. Chamam-nos. É o povo, com suas
necessidades, com sua sede de cidadania, batendo às nossas portas.
O
Ministério Público já não é a instituição mal conhecida de outros tempos. Por
força da ressonância mesma de suas importantes ações em prol da sociedade,
tornou-se mais familiar para o cidadão. É possível dizer, numa frase, que se o
Ministério Público, tal como é desde a Constituição 1988, foi assim criado para
a cidadania, não menos correto é afirmar que a cidadania, por certo, o
descobriu. Sabem quem somos, o que somos, e a missão que a Constituição nos
destinou. E dessa descoberta avulta a demanda por nossos serviços. Por isto, há
tanto a ser feito. Por isto há respostas a serem dadas.
E com o Órgão
Especial do Colégio de Procuradores, que hoje propicia a investidura de um novo
Procurador-Geral de Justiça, pretendemos compartilhar o que há para ser feito e
as respostas pelas quais o povo aguarda.
Transmitimos, pois, nesta ocasião
feliz e simbólica, aos dignos colegas procuradores de justiça integrantes do
Órgão Especial, as expressões do nosso respeito, e também das nossas esperanças.
O que propomos é um trabalho conjunto, em clima democrático e aberto, edificado
pelo entendimento e pelo diálogo. Mais do que em tempos idos, o compartilhamento
do governo da Instituição se apresenta como uma via imperiosa. O verbo do
presente é: compartilhar.
Meus caros colegas Procuradores de Justiça,
integrantes deste Órgão!
Ao longo dos últimos
meses, viajamos o Estado inteiro, visitamos promotorias, de comarcas
pequenas, onde o promotor está só, com a pletora de
problemas do cotidiano, e também promotorias de regiões
metropolitanas com sua estatísticas agigantadas de
questões afetas à nossa missão institucional.
Discutimos com os quadros da Instituição os
múltiplos problemas pertinentes à sua missão
finalística. Ouvimos anseios, reivindicações,
sugestões. É forçoso dizer: há
modificações a serem feitas. Há reformas à
espera de implementação. Propomos ao Órgão
Especial que sejamos co-artífices dessa obra, construtores
associados desse novo tempo, pois sem esse caldeamento de
esforços, sem a energia criadora deste Órgão, de
que há pouco falamos, o que haverá será apenas o
alongamento dos anseios no tempo. E afinal, de que vale a fé sem
obras?
Quando aludimos a mudanças, não há qualquer increpação crítica
subliminar em nossa fala; apenas nos fazemos porta-vozes das reivindicações
ouvidas nos últimos meses, das quais, aliás, somos também destinatários -nós,
Procuradoria-Geral, Órgão Especial e demais órgãos componentes da Administração
Superior.
Juntos, podemos protagonizar as ações que os tempos exigem. Os
olhos do presente estão voltados para nós.
Como o processo de nossa
investidura se desdobrou em momentos distintos, um de caráter acentuadamente
administrativo, para a transmissão do cargo, e outro solene e mais amplo,
remetido ao mês vindouro, concentramos o fundo de nossa mensagem de hoje na
questão fundamental do compartilhamento de atos de governo com o Órgão
Especial.
Nem por isso, no entanto, devemos nos quedar silentes em face do
infungível dever de expressar, desde já, alguns agradecimentos:
Aos colegas,
de todas as instâncias, pela confiança em nosso projeto para o Ministério
Público, confiança testemunhada em cada um dos quase mil votos com que fomos
honrados. Reafirmamos a consciência da responsabilidade trazida por tal
manifestação de esperança.
Ao doutor Rodrigo Cesar Rebelo Pinho, eminente
Procurador-Geral de Justiça cujo mandato agora se encerra, e aos dignos colegas
de sua equipe de governo, pelo trato cordial e generoso que caracteriza esta
fase de transição administrativa, cujas dificuldades se agravaram um pouco em
face das invencíveis limitações de tempo.
Aos colegas ilustres que,
integrando o operoso Governo do Estado de São Paulo, exerceram papel de
destacada significação no processo sucessório:
1)- Doutor Luiz Antonio
Guimarães Marrey, Secretário de Estado dos Negócios da Justiça e da Cidadania,
três vezes Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, ex-Presidente do Conselho
Nacional dos Procuradores-Gerais de Justiça, homem que associou seu nome à
história do Ministério Público Paulista, com liderança positiva e trabalho
constante;
2)- Doutor Antonio Ferreira Pinto, Secretário de Estado da
Administração Penitenciária, a quem a população de São Paulo muito deve, pela
atuação eficaz e bem sucedida em prol da comunidade, numa das áreas mais
sensíveis e complexas em que pode atuar um homem de Estado;
3) Aos doutores
Ronaldo Augusto Bretas Marzagão, Secretário de Estado da Segurança Pública e
José Jesus Cazzetta Junior, Assessor Especial do Chefe do Executivo Bandeirante,
homens engajados em valiosas missões na vida pública e sintonizados sempre com a
nossa Instituição;
4)- Formulo e destaco uma palavra de agradecimento e de
apreço ao Eminente homem de Estado doutor José Serra, que governa São Paulo,
sensível às idéias que levaram o nosso projeto de administração ao acolhimento
de expressiva maioria dos promotores e procuradores paulistas.
Agradeço minha
mulher e minhas filhas, cujo apoio foi indispensável para que aqui hoje
estivéssemos.
Que Deus abençoe a todos nós. Muito obrigado.