Discurso de Posse Solene no Cargo de Procurador de Justiça do Ministério
Público do Estado de São Paulo, no Auditório Simon Bolíver, no Memorial da
América Latina, em 11 de novembro de 2009 - Dr. Gianpaolo Poggio Smanio -
Procurador de Justiça, em nome dos empossados
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DISCURSO DO DR. GIANPAOLO POGGIO SMANIO, EM NOME DOS EMPOSSADOS, EM CERIMÔNIA
DE POSSE SOLENE NO CARGO DE PROCURADOR DE JUSTIÇA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO
ESTADO DE SÃO PAULO, NO AUDITÓRIO SIMON BOLÍVAR DO MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA,
EM 11 DE NOVEMBRO DE 2009.
EXMO SR. PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA, NA
PESSOA DE QUEM PEÇO PERMISSÃO PARA SAUDAR AS AUTORIDADES PRESENTES
EXMOS. COLEGAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
SRAS. E SRS.
Inicialmente gostaria de
expressar minha grande honra em representar meus colegas que tomam posse ao
cargo de Procurador de Justiça neste evento. Estivemos juntos por mais de vinte
anos na primeira instância de nossa instituição e o assíduo e fraterno convívio
nas lides do dia a dia tornaram-me um profundo admirador da inteligência e
dedicação de todos no exercício das funções ministeriais.
Representá-los
é uma distinção que excede em muito qualquer qualidade pessoal que possa ter,
mas procurei buscar nas histórias de vida profissional de cada um a inspiração
necessária para desempenhar esta tarefa a contento, de forma a traduzir em
discurso um pouco de nossas carreiras e esperanças.
Somos herdeiros de uma tradição de Procuradores de
Justiça que na condução do Ministério
Público de São Paulo souberam construir uma
Instituição forte, respeitada e pautada pelo interesse
público, recebendo a confiança da sociedade paulista e
brasileira transformada na atribuição de importantes
funções na defesa dos interesses individuais e sociais
indisponíveis.
Desde a década de 30, no século
passado, o Ministério Público paulista foi estruturado em carreira e passou por
enormes mudanças, sempre crescentes de atribuições na defesa da sociedade, até a
Constituição Federal de 1988 que consagrou o Ministério Público como instituição
essencial ao exercício da função jurisdicional do Estado e defensor da ordem
jurídica e do regime democrático.
Na impossibilidade de nomear todos os valorosos colegas que nos
precederam e realizaram a sua vida profissional para servir à
população de nosso Estado e do país, peço
licença para homenageá-las na pessoa de nosso Procurador
Geral de Justiça, Dr. Fernando Grella Vieira, que hoje
representa estes valores pessoais e profissionais a que me refiro.
Partilhamos desta tradição de mulheres e homens, como V. Exa. Sr.
Procurador Geral, que dedicaram e dedicam a nobreza de seu caráter e o brilho de
seu talento nesta construção institucional que não teve parâmetro no Estado
brasileiro. As garantias e prerrogativas que conquistou o Ministério Público
para a defesa da sociedade brasileira são fruto deste trabalho de Promotores e
Procuradores de Justiça que souberam estar lado a lado com os brasileiros na
garantia de seus direitos fundamentais.
Sabemos da grande
responsabilidade que nos aguarda no desempenho funcional que hoje assumimos
perante toda a comunidade e colocamos a nossa força de trabalho à sua
disposição, Sr. Procurador Geral, para a continuidade da construção do
Ministério Público do Estado de São Paulo dentro dos parâmetros constitucionais
do Estado Democrático de Direito.
No entanto, não chegamos até aqui de
mãos vazias.
Podemos certamente dizer que fazemos parte da geração de
Promotores de Justiça formada pela Constituição Federal de 1988, nestes mais de
vinte anos de exercício funcional, igual tempo de vida de nossa
Constituição.
A Constituição Cidadã de Ulisses Guimarães e tantos outros
que elevou a cidadania a fundamento do Estado Democrático de Direito Brasileiro
e conferiu ao Ministério Público a defesa dos direitos constitucionais dos
cidadãos.
Nossa Constituição Federal inovou na dimensão conceitual da
cidadania ao vincular sua afirmação ao exercício dos direitos fundamentais, bem
como inovou na concepção dos Poderes do Estado, ao romper com o imobilismo da
doutrina da separação de poderes, dotando a Instituição do Ministério Público de
instrumentos para a efetivação dos direitos assegurados na Constituição aos
brasileiros.
Esta geração de Promotores de Justiça que agora chega à
segunda instância esteve desde os primeiros momentos de sua atuação
institucional ao lado da sociedade paulista e brasileira dando cumprimento aos
dispositivos constitucionais. Lutamos, juntamente com a sociedade civil, contra
a desigualdade social, o patrimonialismo, a corrupção, a falta de acesso aos
serviços públicos e tantas outras dificuldades que nosso país enfrentou desde a
sua redemocratização e ainda enfrenta no início deste século.
Estivemos
com a força de nosso ideal atendendo a todas as questões jurídicas e sociais às
quais fomos chamados a defender: das liberdades individuais à segurança pública,
dos interesses da infância e juventude, do meio ambiente, do consumidor, dos
idosos, enfim da Capital às periferias das grandes cidades, e até aos rincões do
interior de nosso Estado, procuramos fazer ouvir a voz dos que de nós
necessitaram.
Não nos furtamos aos debates internos sobre os caminhos
institucionais e sequer aos debates externos, aceitando as críticas voltadas ao
aprimoramento da atuação institucional.
Ombreamos com todos aqueles que
atuaram nos Poderes do Estado, nas instituições, nas entidades da sociedade
civil, nas universidades, buscando a superação das dificuldades sociais e o
crescimento de nosso Estado e de nosso país.
Estamos conscientes de que
podemos colaborar com nossa instituição neste novo momento profissional e
estamos dispostos a aprimorar nossa vocação para o exercício deste importante
mister.
Há questões importantes que demandam discussão institucional por
nossos órgãos decisórios de segunda instância na atualidade.
A integração
com a primeira instância para que encontremos uma fórmula que permita sua maior
participação nas decisões sobre as políticas institucionais.
A busca da
celeridade da prestação jurisdicional de segunda instância, atendendo às
diretrizes dos Conselhos Nacionais do Ministério Público e da
Magistratura.
O redimensionamento de nossas atividades a fim de melhor
cumprir nossa destinação constitucional para a efetivação da cidadania a todos
os brasileiros. Nossa atuação deve ser pautada pela colaboração com os demais
representantes dos cidadãos brasileiros, respeitando o exercício da soberania
advinda do mandato popular e desfazendo eventuais antagonismos existentes. Não
podemos entender nossas funções como de tutela da sociedade, mas sim como
instrumentos dela para a consecução de seus direitos.
Estejam certos de
que não nos faltará humildade para reconhecermos deficiências e erros nem
redobrada vontade de trabalhar.
Por fim, gostaria de fazer os
agradecimentos àquelas pessoas sem as quais não chegaríamos até aqui.
Aos
nossos pais, esposas, maridos, companheiros, filhos, irmãos, parentes e amigos
que aqui se encontram, ou em sua memória, agradecemos por estarem conosco em
todos os momentos, pelo apoio e carinho constantemente recebidos. Estejam certos
de que os amamos muito.
Nosso coração hoje é todo gratidão.
Se há
um poema que é escrito continuamente no Infinito é o da vida que compartilhamos
com vocês.
Muito obrigado.